O Interesse dos Media nas Questões do Património - Preservar sinais do passado para preparar o nosso futuro
In Jornal de Notícias, 22 de Janeiro de 2008
"Depois de ter iniciado as Jornadas do Património no Alentejo, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, esteve, ontem, em Coimbra e no Lorvão (Penacova), onde visitou alguns dos mais emblemáticos monumentos da região. E Coimbra é um local incontornável para se compreender a História de Portugal. Locais que importa preservar pois, como sublinhou Cavaco Silva, "Portugal só será um país verdadeiramente moderno se for um país com memória".
E a memória sente-se fortemente no Mosteiro de Santa Cruz, onde o presidente e comitiva iniciaram a visita. Consagrado como Panteão Nacional, Santa Cruz, fundado em 1131, confunde-se com o nascimento da nação portuguesa. Ali estão sepultados os dois primeiros reis potugueses, D. Afonso Henriques e seu filho D. Sancho I.Junto do túmulo do fundador de Portugal, o presidente deteve-se durante alguns momentos, prestando "homenagem ao fundador da nação".
Mais acima, na Sé Velha, em plena Alta, a comitiva presidencial deparou-se com uma pequena manifestação de jovens ligados ao movimento anti-globalização. Os manifestantes mostravam o seu desagrado pelo facto da Alta poder vir a ser Património da Humanidade, pois consideram que "património nacionalista" significa "habitação elitista".
Mas a candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade da UNSCO é uma grande aposta da mais antiga instituição universitária portuguesa. Um projecto que tem vindo a ser preparado com afinco e cuidado por um gabinete próprio. Até final do corrente ano, o dossiê de candidatura deverá estar pronto para ser entregue ao Governo, que o apresentará à UNESCO. Um projecto que irá mexer com toda a velha Alta da urbe estudantil, mas que também contempla os colégios da Rua da Sofia, na Baixa de Coimbra.
Em pleno Museu da Ciência da Universidade de Coimbra - uma notável nova infraestrutura, que nasceu no velho Laboratório Chímico -, o presidente da República alertou para a necessidade de "preservar os sinais do nosso passado", pois essa é "a forma de preparar o futuro, com base naquilo que realmente somos e possuímos". Cavaco Silva disse que "não é possível conhecer realmente como nasceu e cresceu Portugal, como se delinearam as fronteiras e se povoou o território, como se consolidou a cultura e se desenvolveu o saber, se não prestarmos atenção aos vestígios que ainda se encontram nas igrejas, nos mosteiros e nos castelos desta região, ou nos muros desta universidade". Portugal, como realçou, "não é apenas um país de sol, com paisagens muito apreciadas por todos quantos nos visitam", mas também "um país com uma cultura secular, a qual é preciso inventariar, dar a conhecer e estimar para melhor a preservarmos". Com estas jornadas do património, o presidente da República pretende sensiblizar "as entidades, os cidadãos e as empresas" para a importância da preservação do nosso património histórico.
O reitor da Universidade de Coimbra , Seabra Santos, referiu-se à sua instituição como "a mais cosmopolita e internacional das universidades portuguesas", aquela que está melhor situada no ranking das universidades europeias.
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, numa curta intervenção, prometeu "empenho" no apoio à pretensão da Universidade de Coimbra em tornar-se um bem protegido pela UNESCO, com o alto estatuto de Património da Humanidade. Segundo revelou o reitor Seabra Santos, o Gabinete de Candidatura da Universidade de Coimbra à UNESCO vai, brevemente, reunir com vários ministros, sob a coordenação do ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago.
Mas o reitor deixou bem claro que, para o projecto ter sucesso, será necessário apoio para que a autarquia possa recuperar a "zona tampão" da Universidade - a velha Alta, recheada de edifícios centenários, mas com elevado nível de degradação."
Extraído do sítio do Jornal de Notícias, http://jn.sapo.pt/2008/01/22/cultura/preservar_sinais_passado_para_prepar.html, a 22 de Janeiro de 2008
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