O Interesse dos Media nas Questões do Património Mundial
Encarnação pede ao Governo que defina financiamento
Carlos Encarnação diz que encontra no QREN «uma verba muito pequena» para a política de cidades e pede que o Governo esclareça com que poderão contar os projectos no Centro Histórico e a candidatura da UC à Unesco
O presidente da Câmara de Coimbra quer que o Governo defina qual vai ser a política de cidades e o que caberá à reabilitação dos Centros Históricos. «Espero que não passe dois anos para responder, porque daqui a dois anos já não vale a pena, não só porque já não estarei aqui, mas principalmente porque nessa altura já passou a oportunidade histórica», afirmou o autarca.
Carlos Encarnação falava na sessão solene comemorativa do Dia Nacional dos Centros Históricos, cujos festejos se centralizaram ontem em Coimbra e mostrou-se preocupado com o futuro dos projectos de reabilitação da Alta e da Baixa da cidade ou da candidatura da Universidade de Coimbra (UC) a Património da Humanidade pela Unesco.
«A política de cidades tem de ser completamente alterada. (…) Ela não tem sido bem conduzida até aqui. Não tem havido instrumentos legislativos suficientes para dar capacidade de intervir nos Centros Históricos eficazmente», criticou o autarca, lamentando ainda não ter visto, da parte da administração central, nenhuma definição neste sentido, «antes pelo contrário», adiantou.
«Vejo no QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional] uma verba muito pequena para a política de cidades», afirmou, acrescentando a este cená-
rio pouco animador o facto
de terem terminado todos os programas estatais - como o RECRIA, por exemplo - que apoiavam a reabilitação e recuperação de edifícios nos Centros Históricos. «E não sabemos nem como, nem quando vão existir novos», afirmou Encarnação.
À espera há meio ano
«Precisamos de saber com rapidez, porque temos muito trabalho a fazer, muitas tarefas a executar. Não podemos esperar que as casas caiam», continuou o autarca, recordando que já há cerca de meio ano se reuniu com o secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, para que este definisse o que pretende fazer com a reabilitação e recuperação dos Centros Históricos, que verbas lhe serão destinadas, quanto lhe caberá no QREN. Encarnação garante que ainda não recebeu qualquer resposta.
Numa sessão onde Nuno Ribeiro Lopes, representante da candidatura da UC a Património da Humanidade da Unesco, assumiu que a concretização deste projecto «não é possível sem fundos comunitários» e que, portanto, está dependente dos dinheiros previstos no QREN, Carlos Encarnação estranha que o Governo ainda não tenha olhado para este projecto como «uma prioridade nacional».
«Será que acham que não? Que não é importante? Que não é interessante?», questionou o autarca, assumindo, no entanto, que «nada é possível fazer [nomeadamente a recuperação do Centro Histórico] apenas com o investimento público e que é necessário cativar o investimento privado», como é exemplo o projecto de reabilitação da Baixa de Coimbra, gerido pela Sociedade de Reabilitação Urbana.
A sessão, que decorreu no salão nobre da Câmara de Coimbra, contou também com a presença de António Filipe Pimentel que considerou fundamental que toda a comunidade, urbana e universitária, «sinta a recuperação do património como sua e lute por ela». «A partir do momento que todos façamos o nosso trabalho, os órgãos de decisão irão atrás», afirmou o pró-reitor da UC para o Património.
«O património é uma indústria geradora de um movimento económico extraordinário», garantiu, considerando que o não investimento nesta área é «o desperdiçar, não só a cauda do orçamento, que está sempre destinada ao património, mas orçamento inteiro»."
Extraído do Sítio on-line do Diário de Coimbra: http://www.diariocoimbra.pt/15094.htm, a 4 de Abril de 2007
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