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Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade é exemplo de sucesso de Comunicação Corporativa, de Marketing e de Lobby

Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade é exemplo de sucesso de Comunicação Corporativa, de Marketing e de Lobby

Entre 22 e 29 de Novembro o 6º Comité Inter-Governamental da Convenção da UNESCO, que decorrerá em Bali, Indonésia, irá deliberar a elevação da canção nacional portuguesa na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Uma candidatura que remonta a 2010, apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa, mais concretamente pela Empresa municipal de Gestão dos Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), através do Museu do Fado, em parceria com o Instituto de Etno-Musicologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

candidatura apresentada à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) obriga a um programa que, no caso concreto, aponta, entre outras medidas, para a implementação de um plano de salvaguarda integrada do património do Fado. O documento explana cinco áreas programáticas: Envolvimento da Sociedade Civil (rede de cooperação institucional); Educação/Formação (implementação de Programas Educativos com a participação de artistas, autores, músicos e construtores de instrumentos); Edição/Investigação (programa editorial de fontes históricas, musicais, poéticas, iconográficas, sonoras, outras edições literárias). Completa-se com a dinamização e revitalização de espaços tradicionais de Fado e com acções de promoção no plano nacional e internacional.
Recorde-se que o projecto de candidatura do Fado à Lista Representativa doPatrimónio Cultural Imaterial da Humanidade foi inicialmente lançado em 2005, após Portugal ter ratificado a convenção da UNESCO para preservar formas de expressão cultural como ritos, danças, músicas, que não entram na classificação de património com corpo físico.
Diz a Convenção para a Salvaguarda do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO: «O património cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é permanentemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio, da sua interacção com a natureza e a sua história, proporcionando-lhes um sentimento de identidade e de continuidade, contribuindo assim para promover o respeito pela diversidade cultural e a criatividade humana».
Desta forma, caso no final de Novembro esta organização conceder o estatuto de património imaterial, o Estado português ficará comprometido a preservar a história e fontes daquele género musical. Entre as obrigações implícitas estará a criação de um arquivo sonoro.
A candidatura tem, ainda, como «embaixadores» os fadistas, Mariza e Carlos do Carmo e na Comissão Científica a participação de Rui Vieira Nery (Presidente, INET-MD), Salwa Castelo-Branco (INET-MD), Sara Pereira (EGEAC/Museu do Fado), apresentando desta forma figuras mediáticas que de uma forma pública expressaram o seu apoio a uma causa que se tornou quase desígnio nacional, em tempos de pouca parra e pouca.
Mesmo que a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade falhe a eleição (o que é muito pouco provável dado o excelente dossier desenvolvido bem como as críticas altamente positivas de alguns responsáveis ligados à UNESCO) já é em exemplo de sucesso no que diz respeito à organização de uma estratégia concertada de comunicação, senão vejamos:
:: Esta candidatura partiu da iniciativa conjunta da EGEAC , do Museu do Fado, a que se juntou mais tarde o Instituto de Etno-Musicologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, entre outras instituições como o Museu da Amália, várias casas de Fado lisboetas, entre outras, um claro exemplo de comunicação corporativa que uniu vários organismos em torno de um objectivo comum.
:: A candidatura mereceu desde a primeira hora um claro apoio das autoridades locais, regionais, mas sobretudo do governo português que logo disponibilizou meios sobretudo diplomáticos, com o Ministério da Cultura a aplicar-se a fundo, com vista à obtenção de uma classificação que ganhou contornos de desígnio nacional, com objectivos eleitoralistas muito bem delineados, utilizando de uma forma bem elaborada os meios de comunicação, preferencialmente os pertencentes à esfera do Estado, para transmitir à Opinião Pública o acérrimo apoio das várias instâncias do Governo nesta candidatura.
:: A criação de um grupo de trabalho (desde historiadores, músicos, sociólogos) responsável pelo dossier de candidatura que, ao contrário da grande maioria das anteriores candidaturas, desta feita, dos bens culturais e naturais portugueses a Património Mundial foram alimentando continuamente os meios de comunicação social com factos relacionados com a candidatura, numa estratégia bem pensada, primeiro de comunicação interno, com todos os organismo envolvidos a falarem a mesma voz e, segundo, de comunicação externa, ao alimentar através da comunicação social e através de iniciativas de carácter cultural uma opinião pública que cedo (por estar bem informada, dada a enorme avalanche de informação - caso único) abraçou a causa com entusiasmo.
:: O interesse dos média nesta candidatura como possível foco de audiências e de obtenção de apoios publicitários para a organização de programas (muitas vezes de qualidade puramente duvidosa) organizados com o pretexto de promover a candidatura do Fado a Património Imaterial.
:: A opinião pública - que apesar de não saber que o Fado propriamente dito é um fenómeno cultural recente, com cerca de 120 anos de existência, circunscrito inicialmente e unicamente a alguns bairros pobres de Lisboa,e que com toda a certeza absoluta haveria património muito mais valioso para apoiar, preservar e divulgar do que propriamente o Fado, já que mesmo dentro das tradições musicais portuguesas é expressão musical que menos raízes históricas tem - perante tanta informação disponível, tantos apoios e instituições solicitas em querer apoiar a candidatura do Fado, com o Governo profundamente empenhado, também sentiu necessidade de se imbuir nesta onda de entusiasmo que culminará, muito provavelmente, com a eleição, próximo dia 29 de Novembro, do Fado como novo Bem Imaterial da Humanidade

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